Felinícias



Felinícias é um novo conceito de trabalho para a Ueba. A utilização de projeções e a linguagem corporal como principal diálogo, mostram o quanto é possível juntar diferentes representações artísticas em um mesmo contexto. O público, portanto, terá a possibilidade de assistir a peça pelos diversos ângulos entre palco e tela, com diversão e emoção garantida nesta obra inspirada na concepção artística de Fellini e em filmes mudos, sob direção de Jessé Oliveira.

A peça conta a história de um casal que se conhece na infância, mas se desencontram ao longo da vida, descobrindo nessa trajetória a impossibilidade de estarem juntos. O tempo, então, passa a ser questão preponderante para personagens e história, onde os atores e Aline Zilli e Jonas Piccoli, transformam-se, em cena, da infância à velhice.

Ao Abordar um tema simples que fala sobre as impossibilidades e barreiras do amor, o espetáculo inova com recursos multimídia na apresentação. Misturando as práticas específicas do teatro e do cinema, os atores dialogam em sintonia com as diferentes linguagens, proporcionando integração entre a cena projetada e a apresentação ao vivo.

Inovação em conteúdo e produção é o caminho que promete mostrar e expressar o amor simples e complicado, a troca de olhar, a suavidade dos gestos, a reflexão, o riso, a lágrima e, é claro, a comédia como um todo.

O elenco traz Jonas Piccoli e Aline Zilli que vivem Felício e Nícia, o casal protagonista. A talentosa equipe também é formada pela direção de Jessé Oliveira, preparação corporal de Gislaine Sachett, trilha musical de Gutto Basso, figurino de Raquel Cappelletto e captação e edição de imagens da Generall Vídeo Produtora.


Concepção do Espetáculo

O espetáculo usa o universo lúdico e lírico do clown para resgatar o que tem de mais essencial para uma narrativa: a atenção do espectador para elaborar e articular os signos visuais e sonoros a partir do corpo do interprete.

Felinícias é uma obra com forte apelo visual usado para construir a narrativa, adotando a imagem e a música como elementos principais da montagem. A linguagem de representação busca o patético da vida, da comicidade extraída da oposição entre o belo e o feio, síntese do pensamento romântico e da impossibilidade do amor. Busca o corpo dilatado, a exaltação e a intenção através do gestual e da representação, como se estivéssemos assistindo ao espetáculo dentro de uma sala de cinema nos anos 20.

Inspirado sutilmente em obras cinematográficas de Federico Fellini como Amarcord, I Clowns, Satyricon, La Nave Va, 8 e 1/2 entre outros, o espetáculo é, indiretamente, uma homenagem ao cineasta, preservando, entretanto, a riqueza criativa para uma obra pessoal, com as características do grupo Ueba - Produtos Notáveis, sob direção de Jessé Oliveira.

São utilizadas imagens “felinianas” como referência, onde o grotesco e o belo compõem quadros em que desfilam os personagens numa apresentação multimídia, com o uso de imagens animadas, projetadas em um telão e, por vezes, sobre a própria cena, sendo uma forma de falar à memória. O público, portanto, terá a possibilidade de assistir a peça pelos diversos ângulos entre palco e tela.

Um casal que se conhece na infância e se desencontra ao longo de sua vida, nesta trajetória descobre o desencontro e a impossibilidade de estarem juntos. Esta condição promove uma série de situações cômicas, inusitadas e, em determinados momentos, patéticas. É esta condição que dá a atmosfera do espetáculo até a velhice dos personagens.

A trajetória de Felício e Nícia se desenvolve em dois eixos formando um gráfico em que o tempo e o espaço se distanciam cada vez mais. Através da composição corporal e da expressividade as cenas ganham formas, transformando os espaços dramáticos para criar o universo da fábula, encantando e emocionado o público que se envolve na história.

Com a passagem do tempo, torna-se uma questão preponderante na peça. Ela é acentuada pela divisão em blocos, baseados nas estações do ano e suas respectivas cores e texturas, bem como a fase da vida em que os personagens se encontram.

É um espetáculo que remete às impossibilidades e barreiras do amor e que busca tocar fundo no espectador, que ao longo da peça dá-se por conta de que assim é a vida: cheia de escolhas certas e erradas, mas que a única certeza é que o tempo não perdoa.


SINOPSE


Felício e Nícia se conhecem na infância e apaixonam-se. Passam a viver próximos, seja na escola, nas brincadeiras no pátio - ou mesmo - no momento da primeira comunhão. Sempre se divertem juntos, mas acabam separados. Na adolescência dançam juntos no baile, porém Felício se emociona, seus sentimentos e seu corpo entram em erupção, ao se darem por conta, o constrangimento os separa. Reencontram-se em uma estação de embarque, onde a guerra os separa. A falta de notícias desencadeia o casamento de Felícia com outro. Na saída da igreja ambos se avistam, e o mundo volta a desmoronar. O tempo passa, eles se reencontram, mas não concretizam seu romance. Na velhice e sem tempo a perder, finalmente dão o primeiro beijo. Divertem-se lembrando da infância e das suas danças quando jovens. Agora como casal idoso, dançam a vontade e finalmente ficam juntos.


ROTEIRO

Nícia e Felício cruzam seus olhares pela primeira vez na infância, brincando na praia. É neste instante que, aos 5 anos de idade, se apaixonam. E é neste momento que acontece o primeiro desencontro entre eles. Felício arruina o castelo de areia que Nícia construía.

Voltam a se reencontrar na escola, onde sentam lado a lado e começam a nutrir esta história com muitas trapalhadas, como uma batida de cabeças ao tentar pegar o lápis que cai no chão, ou mesmo, o primeiro toque na mão do ser amado. Após a aula, Nícia brinca com suas flores no jardim, quando começam a cair papéis que logo ela descobre serem bilhetes de amor de seu colega, ela não o encontra, mas emociona-se com as declarações.

No primeiro ato religioso, ambos se descobrem sem graça diante da situação e passam a brincar com o caso, divertem-se juntos. O amor arde através do fogo, da vela. Na vergonha Felício foge e Nícia revela a vontade de unir-se a ele através do casamento.

Chega a adolescência, as festas, os bailes e a paquera. Felício e Nícia dançam no salão, momento em que ficam próximos do primeiro beijo, do ardor da puberdade, da erupção de sentimentos a flor da pele. O desconforto, quando percebem a situação, toma conta e a festa acaba, mais uma vez eles se separam. O momento do reencontro também é a derradeira separação: Felício vai para a guerra! Nícia sofre com o embarque dele, destrói definitivamente seu castelo de areia, sua vida transforma-se em chuva e tempestade, não há guarda-chuvas suficientes para protegê-la.

O soldado escreve cartas que não chegam, ela não sabe o que se passa do outro lado do mundo! Nícia conforma-se com a situação e, mais uma vez, com a separação. Ela está pronta para seu próprio casamento, sem a convicção da felicidade, coloca-se de noiva e escreve seu último adeus em meio a esta guerra de sentimentos.

Ao sair da cerimônia depara-se mais sozinha do que nunca, e eis que reencontra Felício, porém tarde demais! Sofrem e separam-se novamente. O tempo esta passando para ambos, cada um na sua solidão. Felício quer dar um fim a este momento. Sai de casa para comprar flores e depara-se com a florista, para sua surpresa, é seu grande amor de infância. Os sentimentos, o amor, a mágoa, tudo vêm à tona neste encontro e gera um novo desencontro.

Felício busca o reencontro e na floricultura encontra a inscrição de luto e desespera-se. Pensa ter perdido seu grande amor para a morte. Ao chegar no velório constata que o morto é o marido dela e então alegra-se. Tenta animá-la e num abraço caloroso põe tudo a perder novamente.

O tempo é cruel com ambos, não perdoa! A velhice chega e trás consigo suas amargas lembranças. Nícia vê o castelo desmoronado, deixa uma flor, busca na névoa algo que nem ela sabe. Vaga no tempo a luz de um lampião que se ofusca ao de Felício. O homem vê a areia que enterra seu passado, chora suas desilusões e desesperanças. É o fim da jornada!

Sublime ao tempo, aos desencontros e ao amor, Nícia e Felício finalmente estão frente a frente, sem tempo a perder. Selam seu passado e seu futuro em um demorado beijo. Chove pétalas, um suspiro de vida, uma ponta de felicidade. Saem do foco, relembram a infância, onde tudo podia ter sido diferente. Lembram dos bailes e dançam juntos em sua velhice, divertem-se acima de tudo.

A Trilha Sonora

A trilha sonora de Felinícias, assim como a peça, também é inspirada nos clássicos do cinema e na concepção musical dos parceiros do cineasta Fellini. O artista polivalente Gutto Basso foi convidado a criar a trilha sonora do espetáculo, tendo como fonte inspiradora o trabalho de Nino Rota, Glenn Muller, Sinatra, entre outros grandes nomes. A música ajuda a contar a trajetória de forma singular, levando a platéia a vivenciar as emoções, amores e desamores da peça. A seleção musical reforça a idéia de cinema mudo, toda instrumentada e com uso preponderante de tuba, trombone, piano, oboé e flauta que compõem o universo rítmico da narrativa.


Os Figurinos

Ao optar por contar a trajetória de vida de dois personagens, o grupo também ousou ao pensar nos figurinos como parte integrante da narrativa, ajudando a moldar o corpo cênico promovido pela idade representada pelos atores em cada cena. Contudo, foi necessário montar cenas e peças de roupas possibilitando as rápidas trocas nas coxias do teatro. Para isso a Ueba conta com o talento da figurinista Raquel Cappelletto, que participou dos ensaios para desenhar as peças e testá-las junto com os atores.

Com tecidos leves e texturas que remetem as diferentes épocas históricas, cada peça tem um significado único na montagem, compondo o visual sóbrio da obra.

Para Nícia foram desenvolvidas 14 peças de roupas e para Felício outras 12 que compõem o visual de 9 diferentes cenas vivenciadas no palco. Além disso, temos 9 chapéus, 5 pares de sapatos e diversos acessórios como brincos, suspensórios, lenços, véu, buques, entre outros.


Cenário e Elementos Cênicos

A peça conta no cenário fixo apenas com duas cadeiras e o ciclorama de fundo, além de uma pequena quantidade de areia na lateral do palco, valorizando desta forma a performance do ator em cena. Os elementos cênicos são brm empregados, apenas para valorizar a cena ou quando sua aparição se faz realmente necessária. Entre os elementos encontramos guarda-chuvas, cabideiro, vasos de flores e arranjos, trouxas de roupas, velas, entre outros pequenos objetos que compõe a cena.


A Projeção

O Grupo Ueba idealizou um espetáculo, onde o expectador fosse surpreendido com diversas linguagens cênicas, como a dança, a música, a representação e, ao mesmo tempo, remetesse ao universo do cinema mudo através das projeções na composição da cena. A utilização dos vídeos e a linguagem corporal como principal diálogo da peça mostra, o quanto é possível juntar diferentes representações artísticas em um mesmo contexto. O público, portanto, terá a possibilidade de assistir a peça pelos diversos ângulos entre palco e tela.

Misturando as práticas específicas do teatro e do cinema, os atores dialogam em sintonia com as diferentes linguagens, proporcionando integração entre a cena projetada e a apresentação ao vivo.

No palco há a representação com dois atores interagindo com a projeção, porém as filmagens e a produção envolveram todo o grupo Ueba. Foram captadas diversas imagens envolvendo o elenco, como o fotógrafo “Lamb Lamb”, os figurantes do casamento da Nícia, as filmagens da guerra do Felício, além do envolvimento das crianças representando o passado dos personagens. Foram dias de intensas filmagens, envolvendo diretamente 18 pessoas, além da seleção de cenas juntamente com a equipe da Generall Vídeo Produtora.


Ficha Técnica Do Espetáculo

Elenco

Aline Zilli – Como Nícia

Jonas Piccoli - Como Felício


Direção de Jessé Oliveira

Inspiração em Federico Fellini


Trilha de Gutto Basso

Inspirada em Nino Rotta


Preparação Corporal

Gislaine Sacchett


Figurinos

Raquel Cappelletto


Pesquisa e Produção de Imagem

Generall Vídeo Produtora


Produção e divulgação

Ueba Pró

Realização

Grupo Ueba Produtos Notáveis



Financiamento:

Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Caxias do Sul