FELINÍCIAS: O CASAMENTO FELIZ DE DUAS LINGUAGENS
Para os apaixonados por cinema e teatro,
Felinícias – Histórias de Amor e Clowns, do Grupo UEBA Produtos Notáveis,
foi um presente. Tendo, literalmente, como pano de fundo a obra do diretor
italiano Federico Fellini, com suas músicas, personagens tragicamente ingênuos e
arrastados pelos desencontros da vida, e cenas de filmes dirigidos por Fellini e
por Ettore Scola (O Baile), os dois atores do UEBA, preencheram todo o
palco do Teatro Municipal.
A alquimia buscada pelo grupo fundiu em uma
cena despojada: atores e projeções de vídeos, recuperando a inocência do cinema
mudo e aliando-a a simplicidade dos Clowns. Ora com cenas de filmes ora
com filmagens feitas pelo próprio grupo, ou imagens divertidamente escolhidas
para insinuar o erotismo da ação, como era frequente no cinema da década de 30 e
40, Felinícias resgatou a magia poética da narrativa simples, previsível
(até certo ponto), dessas duas linguagens, mas por isso mesmo delicada e
emocionante, pois que nos toca a partir da lembrança de um mundo menos complexo,
mais gentil, quase infantil em sua alegre expressão.
Como já haviam demonstrado ontem, na abertura
da SLAMC, os atores, afinados, possuem sincronia e cumplicidade em cena, usando
apenas duas cadeiras e alguns objetos, a dupla recuperou o universo felliniano
com deliciosas soluções, como as dos guarda-chuvas ou a chuva final, de arroz,
novamente criativos e plasticamente perfeitos.
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