segunda-feira, 18 de junho de 2012

O ATOR E AS CIDADES - BOM QUIXOTE EM ARARAQUARA

DO QUE PASSOU BOM QUIXOTE COM SEU ESCUDEIRO NA TERRA DO SOL
 
Andarilho, errante e sonhador, Dom Quixote é um dos personagens mais conhecidos e fascinantes da literatura mundial, ele, mais que qualquer outro, personifica a proposta desta 24ª Semana Luiz Antônio. E foi com a bravura e o espírito criativo de Quixote que o Grupo de Teatro UEBA – Produtos Notáveis, de Caxias do Sul, invadiu a Praça Pedro de Toledo para a abertura da SLAMC. Com uma versão atualizada do clássico, os atores da UEBA conseguiram trazer o bom cavaleiro e seu escudeiro ao século XXI sem perder a magia, o encantamento e a poesia do texto de Cervantes. Com atuações impecáveis, carismáticas e com muito humor, o grupo soube adaptar aos dias de hoje episódios emblemáticos, como por exemplo, a famosa cena da sagração de Quixote em cavaleiro, em Cervantes, essa se passa em uma estalagem de não muito boa reputação, quando o futuro cavaleiro andante toma duas prostitutas por Damas de alta corte. Em sua vinda para o século XXI, as damas são dois travestis; os famosos moinhos de vento tiveram a mais perfeita releitura... foram representados por um boneco inflável, desses de postos de gasolina, solução simples e magistral, de efeito impecável no jogo cênico.
Outras soluções criadas pelo grupo para trazer Quixote e seus companheiros de aventura para a rua também foram magistrais, como o uso de uma bicicleta e de um triciclo como montarias de Quixote e Sancho; o uso da internet e de vídeos integrados às cenas; ou ainda adereços e indumentárias que fazem jus ao mais delirante sonho do cavaleiro, como transformar a rede que envolve um garrafão de vinho em elmo, talas e colete de imobilização em armadura. Já Dulcinéia, a amada idealizada de Quixote, assumiu as mais diversas personificações: de Marilyn Monroe, com direito à famosa cena do respiro do metrô, à Lady Gaga, culminado em um “duelo musical” que levou o público às lágrimas, de tanto rir.
Um espetáculo delicioso, que trouxe no delírio de Quixote o amor ao teatro, a tresloucada errância de seus atores em sua luta contra os moinhos da ignorância.
“Foi grande a sua bravura,
teve todo o mundo em pouco,
e na final conjuntura...
....vejam que ventura,
com siso vivendo louco!”
(Cervantes)
Flávia Marquetti



Fotos: Lívia Cabrera

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