DO QUE PASSOU BOM QUIXOTE COM SEU ESCUDEIRO NA TERRA DO SOL
Andarilho,
errante e sonhador, Dom Quixote é um dos personagens mais conhecidos e
fascinantes da literatura mundial, ele, mais que qualquer outro, personifica a
proposta desta 24ª Semana Luiz Antônio. E foi com a bravura e o espírito
criativo de Quixote que o Grupo de Teatro UEBA – Produtos
Notáveis, de Caxias do Sul, invadiu a Praça Pedro de Toledo para a abertura
da SLAMC. Com uma versão atualizada do clássico, os atores da UEBA conseguiram
trazer o bom cavaleiro e seu escudeiro ao século XXI sem perder a magia, o
encantamento e a poesia do texto de Cervantes. Com atuações impecáveis,
carismáticas e com muito humor, o grupo soube adaptar aos dias de hoje episódios
emblemáticos, como por exemplo, a famosa cena da sagração de Quixote em
cavaleiro, em Cervantes, essa se passa em uma estalagem de não muito boa
reputação, quando o futuro cavaleiro andante toma duas prostitutas por Damas de
alta corte. Em sua vinda para o século XXI, as damas são dois travestis; os
famosos moinhos de vento tiveram a mais perfeita releitura... foram
representados por um boneco inflável, desses de postos de gasolina, solução
simples e magistral, de efeito impecável no jogo cênico.
Outras
soluções criadas pelo grupo para trazer Quixote e seus companheiros de aventura
para a rua também foram magistrais, como o uso de uma bicicleta e de um triciclo
como montarias de Quixote e Sancho; o uso da internet e de vídeos integrados às
cenas; ou ainda adereços e indumentárias que fazem jus ao mais delirante sonho
do cavaleiro, como transformar a rede que envolve um garrafão de vinho em elmo,
talas e colete de imobilização em armadura. Já Dulcinéia, a amada idealizada de
Quixote, assumiu as mais diversas personificações: de Marilyn Monroe, com
direito à famosa cena do respiro do metrô, à Lady Gaga, culminado em um “duelo
musical” que levou o público às lágrimas, de tanto rir.
Um
espetáculo delicioso, que trouxe no delírio de Quixote o amor ao teatro, a
tresloucada errância de seus atores em sua luta contra os moinhos da
ignorância.
“Foi grande a sua
bravura,
teve todo o mundo em
pouco,
e na final
conjuntura...
....vejam que
ventura,
com siso vivendo
louco!”
(Cervantes)
Flávia
Marquetti
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